Carreira.
Palavra que quando não é trabalho, é pressa ou pó.
E tem gente que resume a vida a isso
(nos 3 sentidos, que são um só).
Tuesday, December 22, 2009
Wednesday, December 16, 2009
Советская поэзия
Recentemente, trabalhei até tarde num domingo (sim, domingo) e resolvi me dar de presente alguns livros bem gordos, para ocupar bastante espaço no meu juízo, a ponto de esmagar aquele dia chato. Foi assim que descobri um russo delicioso, absurdista (que é como chamavam os dadaístas na Rússia), que tem o humor cara-de-pau mais maravilhoso que já vi em um escritor. Ele faz parte da coletânea Poesia Soviética e se chama Daníil Kharms (o “Kharms” é o cruzamento de duas palavras inglesas, charm e harm – “encanto” e “dano”). Daí já dá para se ter uma pequena idéia das intenções do moço.
Selecionei aqui dois textos curtinhos dessa preciosidade de São Petersburgo (ah, sempre São Petersburgo…), que também se meteu a escrever livros infantis que eu adoraria ler um dia (mas só deve ter em russo mesmo). Obrigada a Lauro Machado Coelho, que escolheu e traduziu esses poetas, a princípio como um hobby, que felizmente virou livro. Lá vai:
Um encontro
Certa ocasião, um homem foi trabalhar e, no caminho, se encontrou com outro homem que tinha comprado um pão polonês e estava voltando para casa.
E foi apenas isso.
Anotação n˚ 10 no caderno azul
Havia um cara ruivo que não tinha nem olhos, nem orelhas. Nem tinha cabelos, portanto, chamá-lo de ruivo é uma coisa teórica.
Não podia falar, pois não tinha boca. E nem tinha nariz.
Não tinha braços nem pernas. Não tinha barriga, e muito menos costas; não tinha espinha e nem qualquer tipo de entranhas. Não tinha nada de nada! Portanto, não há nem como saber de quem nós estamos falando.
Na verdade, é melhor que a gente nem diga mais nada sobre ele.
Selecionei aqui dois textos curtinhos dessa preciosidade de São Petersburgo (ah, sempre São Petersburgo…), que também se meteu a escrever livros infantis que eu adoraria ler um dia (mas só deve ter em russo mesmo). Obrigada a Lauro Machado Coelho, que escolheu e traduziu esses poetas, a princípio como um hobby, que felizmente virou livro. Lá vai:
Um encontro
Certa ocasião, um homem foi trabalhar e, no caminho, se encontrou com outro homem que tinha comprado um pão polonês e estava voltando para casa.
E foi apenas isso.
Anotação n˚ 10 no caderno azul
Havia um cara ruivo que não tinha nem olhos, nem orelhas. Nem tinha cabelos, portanto, chamá-lo de ruivo é uma coisa teórica.
Não podia falar, pois não tinha boca. E nem tinha nariz.
Não tinha braços nem pernas. Não tinha barriga, e muito menos costas; não tinha espinha e nem qualquer tipo de entranhas. Não tinha nada de nada! Portanto, não há nem como saber de quem nós estamos falando.
Na verdade, é melhor que a gente nem diga mais nada sobre ele.
Friday, September 25, 2009
Alegria enche barriga
Hoje minha alma almoçou a melhor felicidade na brasa da cidade.
Tão gostosa que a digestão se faz vagarosa, de propósito, pois já sente saudade de todo o processo, que, nesse caso, é reverso: a energia é que vira comida.
Tão gostosa que a digestão se faz vagarosa, de propósito, pois já sente saudade de todo o processo, que, nesse caso, é reverso: a energia é que vira comida.
Thursday, September 17, 2009
Poemângelas
Resgatando de um projeto antigo, que nunca teve fim. Eu escrevendo, Juliângela desenhando (dos idos de 2005).
Caso alguém seja tão cego quanto eu, aí vai o poemângelo:
É soda
Minha soda é uma água que respira
Soltando bolhas de um peixe invisível
Parece uma água alienígena
E as bolhas vários olhos de sapinho
Vou engolindo a seco essa soda
E cada bolha é um sentimento estranho
"Estranho" para não rimar com soda.
Monday, August 24, 2009
A rica cultura da Gabiléia
Como adoro formigas e também adoro essa mulher (e tudo o que ela escreve), deixo aqui um poema delícia da melhor poetisa que conheço pessoalmente: Gabriela Magalhães, ou, simplesmente, Gabileusa, um maiakovski pernambucano de saias.
[operária]
porque pensar compromete o dia-a-dia
eu preciso de uma dose diária de anestesia.
os sentimentos eventualmente
comprometem meu desempenho
e é preciso ser um pouco máquina
para manter o que tenho.
é preciso executar as tarefas
às vezes sem questionar
questionando perco tempo
e o foco não pode falhar.
executar, realizar.
formigas no açúcar carregam seu doce pesar.
convencem-se de que o açúcar é doce,
geralmente,
pra não chorar.
[operária]
porque pensar compromete o dia-a-dia
eu preciso de uma dose diária de anestesia.
os sentimentos eventualmente
comprometem meu desempenho
e é preciso ser um pouco máquina
para manter o que tenho.
é preciso executar as tarefas
às vezes sem questionar
questionando perco tempo
e o foco não pode falhar.
executar, realizar.
formigas no açúcar carregam seu doce pesar.
convencem-se de que o açúcar é doce,
geralmente,
pra não chorar.
Friday, August 14, 2009
Wednesday, July 22, 2009
Hoje, o meu “eu” é um pronome pessoal do caso torto.
Meu revólver de espoleta: www.twitter.com/lulins
Wednesday, June 3, 2009
Vencido o trauma da virgindade literária, vou arriscar lançar mais uma coisinha: uma compilação de poeminhas das antrolas, que se chamará AntRologia poética.
Mais um que estará no livrinho (e mais um da série “se”):
Se o meu amor fosse uma torneira
Eu deixaria pingar
Até encher a pia
E a paciência de alguém
E se alguém gritasse
“fecha essa droga”
eu diria, pacientemente,
“meu amor, isso foi a gota d’água”.
Mais um que estará no livrinho (e mais um da série “se”):
Se o meu amor fosse uma torneira
Eu deixaria pingar
Até encher a pia
E a paciência de alguém
E se alguém gritasse
“fecha essa droga”
eu diria, pacientemente,
“meu amor, isso foi a gota d’água”.
Monday, May 18, 2009
Minha primeira crítica literária
Saiu no delicioso Vacatussa e vai sair amanhã na Folha de Pernambuco:
http://www.vacatussa.com/2009/05/livro-das-lamurias-luciana-lins/
Por Thiago Corrêa (em entrevista que dei na ressaca do carnaval).
http://www.vacatussa.com/2009/05/livro-das-lamurias-luciana-lins/
Por Thiago Corrêa (em entrevista que dei na ressaca do carnaval).
Tuesday, April 28, 2009
Das antrolas
Poema trigonométrico
Uma poesia tem três lados:
o de quem escreve
o de quem lê
e a hipotenusa
que nunca é igual à soma dos quadrados dos catetos.
Uma poesia tem três lados:
o de quem escreve
o de quem lê
e a hipotenusa
que nunca é igual à soma dos quadrados dos catetos.
Friday, April 24, 2009
Saturday, February 28, 2009
Friday, February 27, 2009
Tuesday, January 20, 2009
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